quarta-feira, 30 de julho de 2025

O Conto do Vigário

 Qualquer semelhança é mera coincidência.

O dia seguia sua rotina normal sem nada que chamasse a atenção das pessoas que estavam na praça que fica em frente do palácio onde se reúnem as autoridades de alto escalão do governo. Os aposentados jogavam dama, crianças brincando nos balanços vigiados pelos pais, o pipoqueiro, o vendedor de algodão doce, o vendedor de cachorro quente, os namorados e outras pessoas que estavam sentadas nos bancos da praça tranqüilas por ser um lugar muito bem limpo e bem seguro. Até então estava tudo dentro da normalidade.

De repente aconteceu algo que chamou a atenção de todos que se encontravam na praça. Vários carros pararam em frente da praça em seguida desceram varias pessoas muito bem vestidas falando um idioma que ninguém entendia e ficaram olhando para o palácio como se estivesse esperando sair alguém para conversar.

Eles olhavam de um lado para o outro conversando entre se até que um deles se afastou das demais pessoas e se dirigiu ao pipoqueiro e disse: Boa tarde! O homem respondeu dizendo: Boa! Ele perguntou você viu se saiu algum carro de dentro do palácio enquanto você estava aqui? Respondeu o pipoqueiro: Só o ascensor.

E o homem bem vestido perguntou: como é que você sabe que essa pessoa é um assessor porque um assessor é uma pessoa que auxilia é um conselheiro como é que você sendo um pipoqueiro conhece uma pessoa do alto escalão do governo? Porque ele é gente boa de vez em quando ele passa aqui na praça porque ali do outro lado tem um restaurante cinco estrelas e ele gosta de almoçar lá.

Agora quanto a ser pipoqueiro não quer dizer nada você também parece ser uma pessoa de alto escalão do governo e está aqui na praça conversando comigo. Ele disse é verdade. Daqui a pouco ele vai passar por aqui para ir almoçar disse o pipoqueiro. O homem bem vestido sorriu e disse: você poderia nos ajudar falou apontando para a comitiva que estava conversando entre se enquanto aguardava a volta dele.

O homem perguntou o que vocês desejam? Já que você o conhece mesmo sendo de vista da pra você abordá-lo e dizer que somos de um país estrangeiro e que gostaríamos de conversar com ele e se possível almoçarmos juntos? O homem respondeu: sem problema eu posso ajudar vocês. O estrangeiro sorriu e pegou uma nota de cem dólares e deu ao pipoqueiro que agradeceu.

 Em seguida o estrangeiro se dirigiu aos demais companheiros que o aguardavam sorrindo e disse: bom! Acho que já dei um jeito de entramos no palácio. Seus conterrâneos disseram: como você conseguiu isso conversando com um pipoqueiro? Ai é que ta! Ele me disse que um dos assessores do palácio passa por aqui de vez em quando porque do outro lado da praça tem um restaurante cinco estrelas que ele gosta de almoçar lá.

Sim e daí? Dei uma gorjeta pra ele e pedir pra ele intermediar o nosso encontro, ou seja, nos apresentar ao assessor. Um deles disse: você ta maluco! Onde já se viu um negocio desse da certo ainda mais tendo como intermediário um pipoqueiro. Outro do mesmo grupo defendeu o fato ocorrido e disse:

Meu amigo isso é o que temos de concreto já que viemos em um lugar que fechou as portas para nós eles não querem nos receber, portanto qualquer oportunidade que nos leve a ser ouvidos é valida. Em fim todos concordaram. Assim que o relógio marcou meio dia em ponto surgiu um homem muito bem vestido com um terno melhor do que o dos estrangeiros que estavam aguardando ele próximo dos seus carros.

Ele atravessou a rua e passou pelo meio da praça se dirigindo na direção do restaurante ao ver o pipoqueiro acenou para ele e assim que ele se aproximou o pipoqueiro o chamou e disse: quero falar com você!  Em seguida ficou falando com ele por algum tempo e apontou para a comitiva que estava observando tudo a distancia. Depois de uma conversa que durou em torno de uns dez minutos o pipoqueiro acenou para os estrangeiros e os chamou e apresentou o ascensor. Logo após se identificarem um a um o ascensor se apresentou como Franklin e foram almoçar. Após o ascensor saber o que eles queriam ele disse: eu conheço todo mundo do mais alto escalão até o pessoal que faz a manutenção.

Eles disseram: ótimo! Queremos apenas conversar com alguém do médio escalão. Sem problema eu agendo vocês fiquem tranquilos. Mas pra quando vai ser isso? Pra amanhã respondeu Franklin. Amanhã está ótimo. Em seguida Franklin falou: só que isso não vai ficar de graça não. Como assim? Eu quero cinco mil dólares de recompensa pra fazer o que vocês querem. Eles se olharam entre se e um deles disse:

 Fazer o que! Não podemos voltar de mãos vazia senão vai ser vergonhoso. Então amanha às dez e meia espero vocês aqui na praça com o dinheiro e em seguida ele disse: só um de vocês vai entrar comigo os outros ficaram esperando aqui fora. Outra coisa! Quero o dinheiro antes da gente entrar, certo? Certo! To fazendo isso porque a fama de vocês não é nada boa. Disse o ascensor.

No dia seguinte Franklin estava na praça ansioso aguardando os estrangeiros com o dinheiro no valor que foi combinado. Logo assim que eles chegaram Franklin foi logo direto no assunto perguntando pelo dinheiro. Um deles entregou uma bolsa com o valor combinado após receber e conferir o dinheiro Franklin disse:

Apenas um vai comigo os outros vão esperar até que sejam chamados ok! Quando chegaram à recepção o estrangeiro apresentou o documento fez o reconhecimento facial, mas antes de passar pela roleta o recepcionista perguntou: É esse o homem? Sim disse Franklin! Cadê o uniforme dele? Franklin respondeu: ele é o chefe ele veio avaliar a situação depois os outros virão.

 Assim que passaram pela recepção um carro parou próximo deles e chamou o Franklin e disse: entra ai no carro precisamos ver uma situação emergencial agora. Franklin olhou para um lado e para o outro e viu o responsável que se vestia semelhante a ele que era o responsável pelo setor que seria mostrado ao estrangeiro. Chamou o homem e disse: leve ele ao local indicado. O homem perguntou a Franklin é esse o homem? Sim!

Em seguida Franklin entrou no carro e saiu deixando o estrangeiro que foi conduzido pelo homem que tinha as vestes igual a do Franklin. Enquanto se dirigia ao subsolo o estrangeiro perguntou: você também é assessor? Ele disse sim. Ao chegarem ao subsolo o homem parou em frente ao elevador e disse: Aí está ele é todo seu.

O estrangeiro disse: é meu o que? O elevador. O que eu tenho a ver com o elevador? O Franklin disse que a sua empresa faz manutenção de elevadores. Não eu combinei com ele pra me colocar em contato com uma autoridade política. Vem cá! Disse o homem. Você acha que a gente é o que? Um dos assessores do governo. Disse o estrangeiro!

Ta enganado meu amigo. Como assim meu amigo eu não te conheço como é que você pode me chamar de meu amigo? Veja só que arrogância! Em seguida o ascensorista perguntou: Se você é uma pessoa do alto escalão do governo do seu país isso me leva a te fazer a seguinte pergunta: qual é a sua formação?  Fiz doutorado em direito.

Um doutor meus parabéns! Agora me explique como você sendo doutor em direito pôde confundir assessor com ascensor uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nós somos ascensoristas e nos vestimos melhor do que vocês porque nós somos de um país do primeiro mundo. E nós estávamos esperando alguém para fazer a manutenção do elevador não um político. E o meu dinheiro? Perguntou o estrangeiro.

Que dinheiro? O que eu dei pra Franklin. Sei lá isso é entre você e ele. Em seguida o estrangeiro saiu cabisbaixo com o semblante arrasado. Quando a comitiva que estava na praça aguardando o seu retorno do palácio o viram saindo correram ao seu encontro e perguntaram:

E aí podemos entrar e conversar com o líder maior do palácio? Foi então que ele contou tudo o que tinha acontecido e aquilo foi um balde de água fria que acabou com a euforia de todos eles a ponto de um deles dizer: É melhor voltarmos para casa. Outro revoltado disse: vou querer o nosso dinheiro de volta. Nem pensar! Disse outro da comitiva.

Ta louco! Já pensou se eles descobrem que a gente entrou subornando um dos empregados já estamos queimados ai é que a gente não vai poder mais sair desse país. Já caímos no conto do vigário é melhor ir embora. E todos concordaram e deixaram o país enquanto eles ainda podiam. Um pouco depois o pipoqueiro e Franklin fizeram uma rachadinha com a grana do golpe que aplicaram nas pessoas de alto escalão do governo estrangeiro. 




sexta-feira, 25 de julho de 2025

Essencial

O dia não vive sem a noite,

A lua sem as estrelas,

As flores sem os beija-flores,

E o homem sem o seu amor. 





sexta-feira, 4 de julho de 2025

Miragem

 

Nas areias do deserto escaldante

Um homem cambaleia a deriva

Sob um sol implacável e desgastante

Que suga as suas ultimas energia

Quando em fim desaba e desmorona

Rolando desgovernado sem estimulo.

 

Antes do seu ultimo suspiro

Ele faz seu ultimo pedido

Ai quem dera se tivesse apenas

Uma gota d’água pra molhar a minha

Garganta e me livrar desse suplicio.

 

Antes do apagar das luzes ele ouviu

Um alarido vozes de indivíduos  

Que o fez recobrar os sentidos e

Renovou as suas forças tão frágeis e

Quase a mínguas a ponto de levantar

Cabeça ergue-se gradativamente e

Caminhar na direção em função do

Fato ocorrido.

 

Uma bela cidade ali estava

Com tudo de bom que existe

Uma bela arquitetura luxuosa

Praias, shoppings, parques temáticos

E turismo muito luxo e modernidade

Em pleno deserto esquecido.

 

O homem que antes caminhava

Muito eufórico agora corria e quanto mais  

Se aproximava ainda mais ele corria

Quando já estava próximo da entrada

Uma tempestade inimaginável

Surgiu no meio do nada e sepultou

A bela cidade e acabou com a sua alegria

 

O choque foi fulminante consumiu sua energia

Comprometeu os seus circuitos e a sua mente ficou vazia

E as imagens da bela cidade não foram salvas sumiram

E o seu corpo desconectado aos pés da duna

Estava no mesmo lugar onde caiu.