Serelepe é natural de Minas Gerais corretor de
imóveis em grande dificuldade financeira, o mercado imobiliário está em baixa, devido
à crise que estamos vivendo, ninguém ta conseguindo vender e nem comprar nada.
O jeito foi pegar qualquer coisa pra fazer independente do que seja, porque
daqui a pouco chega às contas pra pagar, aluguel já ta atrasado, luz, água,
etc. sem falar na alimentação porque na casa dele são três bocas pra alimentar
fora a dele. Os filhos já estão em escola publica e a mulher se vira como pode
pra ajudar em casa.
Serelepe resolveu procurar uma
quitinete numa comunidade pra se mudar o mais rápido possível. Enquanto
procurava deu de cara com um sujeito olhando para um terreno cheio de mato. Ele
se aproximou e disse: sabe dizer se por aqui tem alguma quitinete para alugar?
O homem perguntou é pra você? Ele disse: sim! Não é difícil, mas você vai ter
que rodar muito por ai até encontrar alguma. Eu tenho, mas no momento todas
estão ocupadas. Minha preocupação agora é com esse terreno preciso aprontá-lo
para construir mais quitinetes para alugar.
Mas qual é dificuldade do senhor
com isso? É que eu preciso de alguém para cavar os buracos pra fazer a fundação.
E quanto é que o senhor paga por esse serviço? O dono do terreno respondeu:
oitenta reais a diária mais o almoço. Serelepe respondeu: eu topo! Primeiro seu
nome? Ele respondeu Serelepe. Qual é a sua profissão? Sou corretor de imóveis. Seu
telefone e seu endereço. Você está acostumado com esse tipo de serviço? Não
mais encaro, comigo não tem desse negocio não pego qualquer coisa. Depois de
dar toda informação que o homem pediu Serelepe ouviu o que mais estava
desejando ouvir nessa crise. Então você começa amanha, esteja aqui às oito
horas em ponto.
Serelepe respondeu: estarei
obrigado pela oportunidade. E disse mais o dono do terreno: Já que você é
corretor, quem sabe se você não acaba vendendo meu terreno enquanto trabalha.
Por que o senhor tem interesse em vendê-lo? Porque não! Tudo depende da
proposta. Em seguida Serelepe se despediu e foi embora.
Assim que ele entrou em casa a
esposa foi logo perguntando: E ai bem conseguiu encontrar uma quitinete pra
gente? Ele disse: não! Mas conseguir um emprego, começo amanhã às oito horas.
Graças a Deus! Vai trabalhar aonde querido? Espere um pouco vou tomar um banho
depois a gente conversa. Escuta cadê as crianças já chegaram da escola? Já sim
estão lá no quarto agarradas no celular. Ta bom vou falar com elas. Depois de
abraçar e beijar seus dois filhos, o Fernando e a Maria, Serelepe foi tomar
banho pra depois jantar.
Após o jantar quando as crianças
foram dormir, ele falou para a esposa o que iria fazer no novo emprego. Ele
disse: amanhã eu vou cavar buraco. Como assim cavar buraco? É isso mesmo! O
proprietário do terreno vai me pagar oitenta reais por dia mais o almoço.
Querido esse trabalho é muito pesado, você aguenta? Tenho que agüentar agente
ta precisando. Tudo bem se é isso que você quer.
No dia seguinte Serelepe chegou
dez minutos antes do inicio do trabalho, com uma mochila com uma roupa velha
para o trabalho. De repente ele viu se aproximar o dono do terreno que ele
ainda não sabia qual era o seu nome com uns dez sujeitos fortemente armados e
alguns deles usando droga. E ai Serelepe vai encarar mesmo essa braba? Porque
não! Disse ele. Então tai toda a ferramenta que você vai precisar, agora é
contigo. E disse mais: eu vou dá uma volta com a rapaziada depois eu volto. E o
meu almoço perguntou Serelepe. Sem problema! Tá vendo aquela pensão ali do
outro lado da rua? Sim estou. É só ir lá e falar pra eles que Dicão do ferro
velho mandou botar na conta dele. Entendeu! Sim entendi. Fica tranquilo daqui a
pouco eu to de volta.
Enquanto cavava o buraco Serelepe
pensou na oportunidade de vender o terreno, com certeza ele poderia ganhar uma
comissão do Dicão. Mas o que fazer para levar alguém a se interessar por esse
terreno em um local barra pesada como esse. A bíblia diz que: Cada um, porém, é
tentado pelo próprio mau desejo, sendo por esse iludido e arrastado. Em
seguida, esse desejo, tendo concebido, faz nascer o pecado, e o pecado, após
ter se consumado, gera a morte. (Tg 1:17-15).
Foi exatamente isso que começou a
acontecer com Serelepe. Ele começou a pensar nas piritas que ele tinha em sua
casa, um mineral que ele trouxe de Minas sua terra natal. Pirita é um mineral
que parece com ouro em pepita. Já que ele tinha algumas resolveu “semear” para
vender por um bom preço aquele terreno. Esse pensamento o levou a trabalhar até
com mais disposição e ignorando os perigos que ele poderia correr. Deu meio dia
ele atravessou a rua para almoçar na pensão indicada por Dicão do ferro velho.
Sentou-se na mesa leu o cardápio que estava escrito num quadro verde com giz o
prato do dia.
Enquanto almoçava aproximou-se um
sujeito que estava observando ele desde cedo e disse: Tem que ter muita
disposição pra encarar uma braba dessa né chará? A necessidade nos obriga a
fazer isso. Por que você não vem trabalhar pra gente? A grana é boa! Mais arriscado respondeu
Serelepe. Existe outra maneira de ganhar até mais do que isso que você faz. Há
é! Disse o homem do grupo do Dicão. Como me diga. Respondeu Serelepe: pensando
enquanto trabalha. O sujeito deu uma risada e falou: tudo bem você é que sabe.
Serelepe já tinha cavado um
buraco restava onze buracos, pra ele colocar o plano dele em ação precisaria de
pelo menos a metade dos buracos prontos. Na parte da tarde ele deu duro mais
uma vez e terminou mais um buraco. Quando encerrou o expediente ele acenou para
um dos homens do Dicão que estava olhando a obra e foi embora. Chegou em casa
exausto queimado do sol, foi direto tomar banho, falou com as crianças e depois
jantou. Depois viu um pouco de televisão com a mulher e foi dormir.
Na madruga quando a sua mulher
pegou no sono, ele se levantou de fininho e foi procurar as pepitas de pirita
que ele tinha deixado no seu baú escondidas. Abriu o baú e elas estavam
intactas brilhando como se fossem pepitas de ouro de verdade. Encheu sua sacola
com quase todas elas deixando apenas duas e colocou em um lugar onde a sua
mulher não pudesse ver antes de levar as crianças pra escola. Pela manhã tomou
café e saiu enquanto a esposa estava arrumando as crianças para levar para a
escola. Disse tchau amor! E foi embora.
Assim que chegou encontrou a
comitiva próximo do terreno como sempre bem armada. E Dicão ao vê-lo gritou: É
isso ai moleque tô gostando de ver! Logo mais eu tô ai. Serelepe trocou de
roupa num bar próximo do terreno como era de costume em seguida entrou num
buraco e começou a trabalhar. Pulando de buraco em buraco de vez em quando
começou a distribuir as pepitas de pirita por buracos. E assim trabalhou até
sexta feira onde conseguiu cavar dez buracos restando apenas dois para a
próxima semana.
No fim da tarde Dicão apareceu e
o chamou para fazer o pagamento da semana, retirou quatrocentos reais de sua
carteira e pagou, depois disse: só resta mais dois buracos pra semana que vem,
to contando com você pra terminar o serviço você vem? Claro que venho. Escuta
Dicão! Por quanto você vende esse terreno se aparecer um comprador? Por que
você tem algum comprador? Não mais tenho contato pra oferecer e nunca se sabe
de repente aparece alguém. Bom se aparecer eu tô querendo quarenta mil reais, é
esse o preço. Se eu conseguir vender por oitenta mil reais você me dá quanto?
Ele deu uma gargalhada e disse: Se você conseguir esse milagre eu te dou vinte
mil reais.
Tudo bem vamos ver. Depois disso
Serelepe foi embora com um sorriso de meia boca com o pagamento no bolso. Deu o
dinheiro pra mulher comprar alguma coisa e ficou pensando. Na manhã seguinte
ele pegou duas pedras de pirita que tinha deixado de propósito e saiu para a
cidade em busca de um lugar onde compra ouro. Chegando lá ele não entrou o
objetivo era atiçar a cobiça dos olhos porque ela aguça a ostentação dos bens,
uma não vive sem a outra para quem é ambicioso.
Ficou em frente do local
aguardando a saída de uma vitima pra empurrar o ouro de tolo. Após escolher a
vitima partiu na direção dela e disse: Esse local ai avalia ouro? O homem disse
sim, por que você tem alguma coisa pra avaliar? Sim tenho. É que eu trabalhando
em um terreno fazendo buraco pra construção de um prédio, achei essas pedras e
queria saber se é ouro. Ele disse: Deixe-me ver. Eu mostrei ao homem as duas
pepitas que disse que tinha encontrado. Ao ver as pedras a ambição se instalou
em seu coração eu percebi pelo brilho do seu olhar, eu não sei o que brilhava
mais as pepitas ou o brilho dos olhos dele.
Depois de algum tempo ele falou:
Onde é esse terreno? É o local onde eu trabalho. Onde fica? Aqui mesmo no Rio.
Alguém mais sabe disso? Eu disse claro que não. Nem o dono? Principalmente ele.
E sua família? Minha mulher sabe claro. É melhor você não entrar ai não ainda
mais com essa historia todo mundo vai querer saber onde é esse terreno. Mais
cara eu tô precisando de grana, meu aluguel ta atrasado, luz e outras coisas
mais. Vamos fazer o seguinte se você concordar certo. Então diga amigo. Vou te
dar três mil reais por essas pedras. É pouco eu quero cinco. Ta bom eu te dou
cinco mil reais vamos ali ao banco. Após sacar o dinheiro passou para Serelepe que
colocou o mais rápido que pôde em sua mochila.
Em seguida o homem falou para
ele: será que o dono do terreno vende esse terreno? Acho que sim. Quanto você
acha que o dono do terreno ta pedindo por ele? Oitenta mil. Eu dou os oitenta
disse ele. Então Serelepe disse: E eu? Acabei de te dar cinco. Né assim não
cara. Eu também quero oitenta se não eu falo pro dono que o terreno dele é uma
mina de ouro. Você vai ter que dar o mesmo valor que vai dar pra ele pra mim sem
ele saber, se não agente não vai fazer negocio. Ele pensou e disse: tudo bem eu
também te dou os oitenta mil, mas só depois que fechar com o seu patrão. Tudo bem
assim está melhor.
Que horas você vai aparecer lá na
segunda feira? Me passe o endereço que eu apareço lá às dez horas. Tudo bem
aqui está o endereço. Quanto ao seu dinheiro como é que eu faço pra te pagar?
Dê-me seu telefone que eu ligo pra você e te digo como vai ser. Falou então até
segunda.
Ainda meio zonzo sem acreditar no
que tinha acabado de acontecer, fui para casa sorridente com cinco mil reais na
mochila. Assim que cheguei em casa, chamei a mulher e disse: Vá na rodoviária
agora e compre três passagens pra vocês pra amanhã, estamos de volta pra nossa
terra. Como conseguiu esse dinheiro? Vendi o terreno que eu estou trabalhando e
esse dinheiro é só um adiantamento o resto eu vou receber segunda feira, por
isso que vocês vão na frente eu vou depois. Os meninos já estão de férias assim
que agente chegar lá podemos matricular eles pro segundo semestre ainda desse
ano, sua irmã é professora não vamos ter dificuldade quanto a isso.
Assim que chegar lá fique na casa
da sua mãe até encontrar uma casa pra gente, você vai levar contigo mais dois
mil e quinhentos reais dá tranqüilo pra alugar uma boa casa, você sabe muito
bem que aluguel lá é barato não é como aqui. E as nossas coisas? Eu alugo um
caminhão pra levar tudo na segunda mesmo, não se preocupe.
Acertado todos os detalhes, a
mulher foi compra as passagens enquanto ele aguardava ansioso que chegasse
segunda feira pra botar a mão na bolada. Na segunda feira ele acordou sem
barulho algum, sua esposa e seus filhos já tinham viajado no domingo.
Levantou-se tomou café que ele mesmo fez e saiu para trabalhar, assim que
chegou de longe já avistou Dicão com seus comparsas que de onde ele estava ao
vê-lo imediatamente acenou para ele.
Serelepe o chamou a parte e
disse: Vendi seu terreno. Ta falando sério! Claro! Daqui a pouco lá pelas dez
horas o cara vai ta aqui pra conversar contigo. Vendeu por quanto? Oitenta mil
como eu tinha falado pra você. Cara tu conseguiu vender por esse preço mesmo?
Sim vendi. Então ta vamos aguardar o cara. Dicão dê uma aliviada na aparência
pra não assustar o cliente. Pode deixar vou falar pra rapaziada agir com
cautela.
Dez horas em ponto surgiu um
carro que veio na minha direção e parou do meu lado. O motorista abriu a porta
desceu do carro e foi logo perguntando pelo proprietário do terreno. O
interesse era tão grande que nem me deu bom dia. Eu falei aguarde um pouco que
daqui a pouco ele vai está aqui. Em poucos minutos Dicão apareceu e disse: e ai
camarada o que é que tu mandas? Ta interessado no terreno? Sim estou! O preço é
noventa mil é pegar ou largar. Mas Serelepe me disse que era oitenta, porque se
for noventa não vai dar pra gente fechar negocio não. Tô brincando contigo o
preço é oitenta.
E em seguida Dicão disse: O que
você pretende fazer com esse terreno? Quitinetes pra alugar. Ok irmão tá com a
grana ai? De maneira nenhuma agente vai ao banco e eu faço a transferência pra
sua conta. Não eu quero o dinheiro ao vivo e a cores na minha mão entendeu? Pra
hoje não dá porque o valor do saque é muito grande eu tenho que falar com o
gerente hoje pra que possa ser liberado amanhã. Então ta! Amanhã se comunique
comigo assim que for liberado que eu vou lá buscar certo? Certo!
Então prepare o documento do
terreno pra quando chegar à hora é só assinar. Pode deixar respondeu Dicão. O
cliente foi embora e Serelepe continuou seu trabalho cavando os dois buracos
que restavam. Foi quando Dicão lhe falou: é camarada tu é bom mesmo nesse
negocio de venda em! Nada agente faz o que pode.
Deu cinco da tarde e Dicão não
apareceu para lhe pagar o restante do serviço. Então o jeito era voltar no
outro dia até porque ele tinha que receber vinte mil da venda do terreno. Serelepe
foi embora doido que chegasse logo o outro dia pra receber a bolada. Chegou em
casa tomou banho jantou conversou com a esposa e os filhos pelo telefone depois
viu um pouco de televisão e foi dormir. No dia seguinte acordou tenso com
aquela situação torcendo pra que tudo fosse resolvido o mais depressa possível.
Enquanto isso Olegário o novo
proprietário do terreno já estava na fila do banco esperando abrir pra sacar o
dinheiro e passar para Dicão que estava esperando dentro do carro com três dos
seus homens fortemente armado. Assim que o banco abriu o homem foi direto no
gerente pra avisar sobre o saque foi prontamente atendido recebeu a importância
desejada colocou dentro de uma sacola e saiu na direção do Dicão e disse que ia
segui-lo em seu próprio carro até o local do terreno. Dicão falou tudo bem
vamos nessa.
Assim que chegou lá Serelepe já
se encontrava conversando no meio dos homens do Dicão bem a vontade, pois já
tinha feito amizade. Ambos desceram do carro e se dirigiram para um bar onde Dicão
trouxe o documento onde ambos assinaram inclusive Serelepe que foi uma das
testemunhas. Bom amanhã vou trazer meus empregados gente que trabalha comigo a
muito tempo pra tocar essa obra. Valeu qualquer coisa estamos ai. Dicão
sorrindo disse: tudo bem o terreno é seu faça o que você quiser.
Em seguida Olegário foi embora
ficando só Serelepe e seus homens. Bom agora é nós! Falou Dicão. Bom tá aqui
como eu havia te prometido vinte mil reais, espero que faça um bom proveito
dessa grana. Pode deixar vai ser muito bem investido. Há tava até me esquecendo
o dinheiro dos dois buracos que você terminou ontem cento e sessenta reais. Ele
disse se você não se importa gostaria que comprasse cerveja pros rapazes que
estão sempre contigo. Ele disse tudo bem.
Em seguida Serelepe disse para o
Dicão: Você uma pessoa abençoada, eu tive a sorte de te conhecer, você me
abençoou. Dicão sorriu e disse: Sabe de nada inocente! Mas tudo bem foi bom
fazer negocio contigo. Depois de se despedir Serelepe saiu sem demonstrar o
nervosismo que o atingia por dentro, porque se alguém descobrisse o que ele fez
estava frito. Agora sé resta a segunda parte do plano pegar oitenta mil reais
do Olegário o comprador do terreno.
Assim que chegou em casa pegou o
telefone e ligou para ele que prontamente atendeu, e marcou o local pra receber
o dinheiro e explicou como ia ser. Ele iria encontrá-lo em um local publico
onde houvesse acesso a carro, lá ele entraria no carro dele e pegaria o
dinheiro e desceria onde houvesse um ponto de taxi. E assim foi. Em seguida
Serelepe pegou o taxi e desceu próximo da sua casa onde percorreu o resto do
trajeto a pé.
Assim que chegou em casa, pegou
todas as contas atrasada e pagou tudo zerou as dividas, ligou para um caminhão
de mudança desses que fazem mudança interestadual e o contratou pedindo
urgência, no outro dia o caminhão estava lá arrumando todas as coisas em caixas
e colocando no caminhão.
Na parte da tarde de terça feira
o Caminhão partiu com destino a Minas para entregar a mudança. Serelepe em fim
conseguiu resolver tudo preocupado lutando contra o tempo porque assim que tudo
fosse descoberto ele deveria estar bem longe desse lugar. E nessa mesma terça
feira a noite Serelepe conseguiu de avião voltar para Minas chegando na quarta
feira em sua terra natal. Sua família já estava em uma nova casa alugada, agora
é só aguardar a mudança. Serelepe saiu ileso e com grana nesse caso.
Nessa mesma terça feira Olegário
apareceu com dois empregados pra tocar a obra e lhes deu as seguintes ordens:
Afundem mais um pouco esses buracos porque eu vou colocar aqui quatro andares,
e outra coisa toda a terra que vocês tirarem do terreno inclusive essas que
estão ai fora, vocês vão ensacar todas elas, amarrar bem a boca do saco porque
eu preciso dela pra aterrar o terreno da outra obra entenderam? Hoje eu ainda
venho buscar a quantidade de areia que já estiver ensacada. Tudo bem chefe!
Responderam os empregados.
Eles começaram ensacando as que
Serelepe já tinha tirado e estava fora do buraco, depois começaram a ensacar
dentro do próprio buraco e colocando junto das outras que estavam fora, essa
foi a maneira que eles encontraram pra não chamar a atenção com o brilho das
pepitas. Os homens já estavam sabendo o que iriam encontrar então cada pepita
que eles encontravam enquanto cavavam, eles colocavam no saco com areia assim
ninguém desconfiava de nada. Fizeram isso até as cinco da tarde na hora que Olegário
chegou e juntamente com ele colocaram tudo em um pequeno caminhão e foram
embora.
Levaram a terra para o galpão da
outra obra, desceram toda a areia e começaram a peneirar a areia que estava nos
sacos e uma a uma foi encontrando as piritas deixadas por Serelepe. Encheram um
saco médio de pepitas. Com o saco em mãos ele disse: amanhã vou procurar um
ourives pra saber o valor dessa pepita de ouro.
Na manhã de quarta feira lá pelas
dez horas ele mostrou a pedra a um profissional no assunto para que ele pudesse
avaliar. O profissional olhou profundamente para ele e disse: como você
conseguiu essa pedra? Ele disse: isso não vem ao caso eu te procurei para você
me informar o valor dessa pepita se não for possível eu vou procurar outro. O
ourives lhes disse: isso não é ouro. Como assim não é ouro! Ta de brincadeira
comigo né? Não! Estou falando sério, se você comprou isso ai você foi enganado,
isso é pirita também conhecida como ouro de tolo.
Ela foi muito semeada algum tempo
atrás em terreno por pessoas que queriam ganhar uma boa grana fazendo as
pessoas pensar que estavam comprando uma mina de ouro, não sei se foi esse o seu caso, mais isso ai não é ouro
mesmo, pode consultar outras pessoas. Mas é claro que eu vou fazer isso! Eu não
confio em você.
Olegário saiu dali preocupado com
o que ouviu do primeiro ourives, mas não desistiu facilmente e consultou todos
os ourives da cidade, só que todos deram o mesmo parecer sobre a pepita
dizendo: isso é pirita.
O desespero tomou conta de
Olegário que gritou pra todo mundo ouvir assim que voltou para casa: Serelepe
cadê você se eu te pegar eu te mato! Tentou ligar pra Serelepe, mas só dava
caixa postal, Serelepe havia trocado o chip. Foi no endereço que Serelepe deu,
mas se decepcionou porque o endereço era falso, aos poucos a ficha foi caindo e
ele reconheceu que havia levado uma volta, ele comprou gato por lembre, ou
seja, comprou ouro de tolo.
No dia seguinte ele resolveu
falar com Dicão e falar o que havia ocorrido porque talvez Serelepe tenha dado
o endereço certo pra ele. Só que a emenda ficou pior do que o soneto e Dicão
não gostou nem um pouco do que ouviu e disse: vem cá quer dizer então que vocês
dois resolveram me dá uma volta né? Eu não ele! Como assim ele! E se fosse ouro
de verdade só quem tinha dançado seria eu, portanto isso não vai ficar assim
não. Em seguida Dicão gritou homens: coloca o capuz nesse cara vamos levá-lo
pro ferro velho, lá ele vai descobrir porque me chamam de Dicão do ferro velho,
anda joguem ele no porta mala.
Os homens obedeceram ao chefe e
pegaram o pobre do Olegário que estava aos prantos pedindo por misericórdia que
não fizessem nada com ele. Ao chegarem ao local determinado desceram tiraram
Olegário do porta mala e o colocaram sentado em uma cadeira em frente deles e
tiraram o capuz, ele abriu os olhos desesperado pedindo clemência a Dicão.
Então Dicão disse: só tem uma
condição de você sair vivo daqui. Ele respondeu fale eu faço qualquer coisa.
Então vamos lá! Você deu pra ele o mesmo valor que me deu né isso? Sim dei. E
deu mais cinco no sábado no dia que vocês elaboraram o plano, não foi? Sim. Eu
dei vinte do meu porque eu falei pra ele que se ele vendesse por oitenta mil
ele levaria vinte. Portanto a conta é fácil, você vai ter que me dar os oitenta
e cinco que deu a ele e mais os vinte que eu dei se quiser sair vivo daqui.
Tudo bem eu peço pro gerente do
banco liberar mais cento cinco mil reais para saque e entrego a você, ta bom
assim? Ainda não cadê o documento do terreno? Ta lá no meu carro. Que carro
você não tem mais carro e nem terreno esse é o preço pra que você saia com vida
daqui até porque quem comprou ouro de tolo foi você e não eu, esse é o acordo.
Você concorda? Sim ou não?
Sim o pobre do Olegário respondeu
aos prantos. Tudo bem ligue pro gerente e peça para ele liberar o dinheiro pra
amanhã hoje você vai dormir aqui no ferro velho, amanhã você vai fazer do mesmo
jeito receber o dinheiro e trazer para aqui no seu carro, meus homens vão
segui-lo de longe nem tente nada se você tem amor a sua família, entendeu? Sim
pode deixar. Amanhã nos veremos!
No dia seguinte correu tudo como
combinado Olegário fez tudo certinho e voltou com o dinheiro seguido pelos
homens de Dicão, assim que desceu do carro Dicão disse: cadê o documento do
terreno: ele pegou e entregou a ele que mais do que depressa rasgou na frente
de todos e disse: agora me dê a chave do carro, ele entregou, e Dicão disse: a
sua sorte é que eu sou uma pessoa abençoada quem falou isso foi Serelepe que
disse que eu dei sorte pra ele, só que ele não sabe é que no dia em que eu
encontrá-lo ele vai ter que devolver tudo com juros e correção monetária porque
o dinheiro que ele levou é meu.
Agora vai embora vaza antes que
eu mude de ideia. Olegário saiu de fininho cabisbaixo soluçando sem dinheiro,
sem carro, sem ouro e sem terreno. Em Gl 6:7-8 diz: Não erreis: Deus não se
deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque
o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no
Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. Amém!